A humanidade se desenvolveu ao longo da história fazendo obras para durar muito tempo. Das grandes construções na Antiguidade aos automóveis e aviões contemporâneos, o segredo sempre foi a durabilidade.
Essa ainda é a regra de ouro no mundo offline, mas não no mundo digital. Nele, a única coisa permanente é a mudança. Quanto mais modificações, melhor fica. E os jovens são os atores principais da constante metamorfose da internet. Segundo a pesquisa Juventude Conectada, um amplo estudo sobre os costumes dos jovens brasileiros na era digital.
As mudanças nos costumes e no comportamento dos jovens na web costumam ser maciças e desencadeiam outras, numa espécie de efeito-dominó.
Na sua segunda e mais recente edição, relativa a 2015, a pesquisa mostra que 85% dos entrevistados usam o celular como principal dispositivo para acessar a internet – nada mais, nada menos que um crescimento de 105% em relação ao primeiro Juventude Conectada, dois anos antes.
Nas entrelinhas dessa mudança, está uma queda brutal no uso de computadores, muitas vezes compartilhados com outras pessoas da família e um consequente aumento na privacidade no uso de um equipamento portátil e por excelência individual.
Não foi por acaso, segundo o estudo, que no mesmo período tenha disparado o uso de aplicativos de mensagens em prejuízo de mídias sociais, principalmente o WhatsApp, que viu crescer seu número de usuários jovens de 86%, em 2013, para 99%, em 2015.
Essa expansão é estimulada, em grande parte, pelo uso do celular como principal dispositivo de acesso. Mas também é impulsionada por uma percepção de maior privacidade em relação às redes sociais”, revela a pesquisa.
Como os grupos de WhatsApp são de participação restrita, os jovens declaram que se sentem mais à vontade para emitir opiniões e compartilhar conteúdos por meio dessa ferramenta, que no Facebook ou em outra rede social, em que o controle sobre quem pode acessar esses conteúdos é menor.
A predominância do uso de smartphones têm outras consequências. Em 2013, o estudo apontava que 45% dos jovens acessavam revistas e livros digitais. Com um aparelho menor, esse índice caiu em 2015 para 36% (livros) e 30% (revistas).
No entanto, as evidências coletadas nas etapas qualitativas da pesquisa revelam que os jovens acessam esses conteúdos de forma não hierarquizada. Ou seja, os usuários não fazem o caminho padrão de acessar o site de uma revista.
Em vez disso, leem diversos artigos e reportagens compartilhados por amigos, ou mesmo pelos perfis dos próprios veículos. Embora comprem poucos livros digitais, leem trechos ou capítulos disponíveis online.
Essas e outras transformações nos costumes que os jovens promovem na internet, com o uso criativo que fazem dela, também trazem consequências para eles próprios.
A internet impacta as relações, as opções de lazer e a forma de estar no mundo. A democratização do acesso à informação e às tecnologias de comunicação e informação amplia também o potencial de impacto da internet sobre a capacidade de aprender, empreender e reivindicar um papel mais ativo e participativo na vida democrática”, conclui o estudo.
Fonte: Pesquisa Juventude Conectada, da Fundação Telefônica.