Romance Moderno

29 de maio de 2017

Se por um lado os smartphones e dispositivos móveis – com todos os aplicativos de namoro, mensagens instantâneas e redes sociais – abrem os horizontes para encontrarmos o amor, por outro lado a rapidez e acessibilidade que eles impõem para os nossos relacionamentos é fonte de grande ansiedade e frustração.

Como um jovem adulto que vivenciou as angústias do namoro nos dias atuais, o ator e comediante norte-americano Aziz Ansari começou a refletir sobre esse assunto em suas apresentações de stand up e resolveu iniciar um estudo como próximo passo.

É aí que surge o livro “Romance Moderno” – lançado nos EUA em 2015 e publicado pela Companhia das Letras no Brasil em 2016, também disponível em espanhol: um estudo sobre como a tecnologia afetou o nosso jeito de se relacionar. O resultado é o equilíbrio entre um conteúdo sério, que conta com o suporte acadêmico do sociólogo Eric Klinenberg, da Universidade de Nova York, porém muito divertido, dado a comprovada veia cômica de Aziz.

O livro começa com um enredo: o autor conhece uma garota em uma festa, eles acabam passando a noite juntos e, ao mandar uma mensagem para ela no dia seguinte, a única coisa que recebe como resposta é o silêncio. O status da mensagem era “lida”, até aqueles três pontinhos oscilantes tinham aparecido… mas nada de resposta.

A partir da angústia vivida, ao falar sobre sites e aplicativos de namoro o autor discute as expectativas que impomos aos nossos companheiros (potenciais ou reais) e como esses meios são apenas uma evolução de outros tantos que vieram antes na busca pelo amor: dos anúncios de jornal a gravações em fitas VHS, nós usamos a tecnologia para buscar amor há mais tempo do que imaginávamos.

Esse tipo de reflexão realizada por Aziz com muito bom humor ajuda a desmistificar o propósito e uso de sites e aplicativos de namoro. As pontes são possíveis quando paramos para pensar que muitas boas histórias de amor contadas no futuro vão começar com termos como “deu match” – uma expressão derivada do funcionamento de um famoso aplicativo de namoro que significa que duas pessoas demonstraram interesse uma pela outra – ou “aí fulano me mandou uma mensagem”.

Mas o outro lado dessa moeda também se mostra evidente: Aziz reflete sobre como, com tantas telas intermediando as nossas relações, é muito fácil deixar de enxergar como pessoa quem interage com você e as conversas ganharem um tom artificial, se aproximando da dinâmica comercial. O resultado disso é que está todo mundo fazendo propaganda de si mesmo, procurando o melhor negócio em termos de um parceiro e as relações acabam ficando cada vez mais parecidas com os nossos padrões de consumo – frenéticas e desenfreadas.

A leitura de Romance Moderno é leve, sutil e muito informativa. Mas uma das coisas mais impressionantes é como o autor consegue amarrar as pontas que levantou ao longo de suas reflexões com conselhos sensíveis, nada moralistas e muito comedidos na conclusão. Se você ainda precisa de um empurrãozinho para iniciar a leitura, segue uma passagem de destaque: “A história nos mostra que estamos sempre nos adaptando a mudanças. Não importa o obstáculo, continuamos encontrando amor e romance. […] E a coisa mais importante que eu aprendi com essa pesquisa é que estamos todos no mesmo barco”.

Fonte: Dialogando - Romance Moderno Dialogando

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