Hoje a maioria da cidade é poluição, trânsito, falta de infraestrutura de serviços e habitação. Esses são alguns dos desafios que acompanham o crescimento dos grandes centros urbanos e é necessário lançar mão de inovação para vencê-los. As novas tecnologias já provocam alterações na indústria, no comércio e até mesmo no comportamento social, além disso, entram em cena com soluções para o desenvolvimento de cidades inteligentes do mundo. Mas há quem planeje ir além, com conhecimento científico, construindo espaços urbanos, respeitando o meio ambiente, com recursos que até pouco tempo eram obra de ficção.
A inovação já pode fazer que algumas novidades deixem de ser protótipos e funcionem em operação-piloto em algumas cidades inteligentes. É o caso do pavimento especial instalado no centro de Londres, que usa a energia cinética (produzida com o movimento dos corpos) gerada pelos passos dos pedestres para alimentar o sistema de iluminação das ruas próximas. Lá – e em outras cidades europeias também – é possível ainda encontrar uma espécie de árvore artificial estilizada, denominada City Tree, cujos painéis eletrônicos são cobertos de musgo verde espesso e filtram a poeira e outros poluentes do ar. Um único exemplar desses filtros biotecnológicos filtra o equivalente ao obtido com 275 árvores reais, colaborando para melhorar a qualidade do ar.
Na cidade espanhola de Santander, sensores integrados controlam o funcionamento de atividades como a coleta de lixo, o tráfego e irrigação dos jardins. Os sensores ficam escondidos em cavidades no chão ou presos a luminárias, ônibus e lixeiras. Eles medem a poluição do ar, determinam se as vagas de estacionamento estão livres e se há pessoas numa área específica. Informam onde estão os ônibus e se as lixeiras estão cheias ou vazias. Os dados são processados em um laboratório da Universidade da Cantábria e distribuídos em tempo real para os responsáveis pelas áreas.
O governo do estado indiano de Andhra Pradesh foi mais radical e decidiu redesenhar a capital da província, Amaravati. Contratou especialistas para conectarem à internet a realidade indiana, e projetarem e implementarem prédios futuristas, espaços verdes, gestão ecológica de resíduos, equipamentos urbanos movidos a energia solar e uma estrutura de transporte capaz de abrigar veículos elétricos e táxis aquáticos. Tudo começou em 2015 e deve ser entregue em um prazo de até 25 anos. Com investimentos de mais de 6 bilhões de dólares, o projeto transforma a cidade em uma das mais sustentáveis do mundo e com qualidade de vida por ter água potável e arborização abundantes.
O Google decidiu encampar o desafio de criar do zero uma nova smart city, a primeira “construída a partir da internet”, revitalizando uma área localizada à beira-mar em Toronto, no Canadá, a custos que também chegam à casa dos bilhões de dólares. A internet das coisas é princípio básico da conectividade nessa smart city. O projeto inclui inovação em tarefas simples do dia a dia, como coleta de lixo com separação automática para reciclagem e cobrança direta dos proprietários pela quantidade de resíduos emitidos, sensores climáticos para detectar tempestades, calçadas com dispositivos de aquecimento para derreter a neve e sinais de trânsito que se adaptam automaticamente ao movimento e fluxo dos diferentes horários.
Os moradores contarão com aplicativos para acessar todas as informações e interagir entre si e viver com mais qualidade de vida. Dará até mesmo para pedir a aprovação dos vizinhos para aquela festa do fim de semana: basta indicar qual o nível de ruído que o evento deve produzir para receber um sinal de positivo ou negativo – a maioria vence.
O Google informou que vai transferir sua sede canadense e cerca de 300 funcionários para Quayside quando o projeto estiver concluído. A empresa não definiu data para a entrega do complexo, que terá 3 mil residências e começou a ser colocado em prática em outubro de 2017.