Aquela imagem bastante explorada nos filmes de aventura do arqueólogo escavando pacientemente pedacinho por pedacinho de importantes sítios históricos, com sua pá, peneira, baldes e pincéis a postos, pode estar com os dias contados. A denominada “ciberarqueologia”, em que entram em cena os mais recentes avanços tecnológicos,vem ganhando espaço e causando uma verdadeira revolução ao proporcionar descobertas inéditas.
Entre as muitas vantagens dos novos recursos, está o fato de que não é mais preciso literalmente destruir a área de investigação para chegar aos resultados. O Lidar (Light Detection and Ranging), por exemplo, funciona como uma espécie de sonar, mas utiliza luz no lugar de sons para gerar informações espaciais. Instalado em helicópteros ou pequenos aviões, faz varreduras na topografia subterrânea e calcula a distância de objetos no solo ao medir o tempo que o laser leva para refletir no alvo e retornar, gerando depois detalhadas imagens em 3D. Foi com esse equipamento que os cientistas encontraram recentemente a “Cidade Branca”, localizada dentro de uma densa floresta em Honduras, que vinha sendo procurada há vários anos por exploradores e, acredita-se, tenha sido habitada por uma comunidade pré-colombiana muito rica. Identificaram também milhares de edificações construídas pelos Maias há mais de mil anos nas florestas da Guatemala.
Da mesma maneira, a ciberaqueologia está contribuindo para ajudar a esclarecer um dos maiores mistérios do planeta: como foram construídas as pirâmides do Egito. Cientistas locais e profissionais de outros países como França, Canadá e Japão se reuniram em uma força-tarefa denominada ScanPyramids e estão utilizando uma série de inovações para mapear de maneira não invasiva as estruturas de mais de 4.500 anos. Entre as técnicas adotadas, estão a reconstrução em 3D, a termografia com infravermelho, fotogrametria e radiografia de múons, composição de imagem semelhante à técnica de raio X, mas com partículas cósmicas. Essa última tecnologia, inclusive, já permitiu a identificação de um novo espaço desconhecido, equivalente ao tamanho de um avião comercial, dentro da Pirâmide de Gizé, onde até então apenas três câmaras haviam sido registradas pelas escavações tradicionais.
Imagens geradas por satélites são a base do trabalho da arqueologista norte-americana Sarah Parcak, que já rastreou 17 potenciais pirâmides e mais de mil tumbas perdidas no Egito, mas resolveu adotar uma forma igualmente moderna de trabalho, o crowdsourcing, ou colaboração coletiva, para achar mais sítios históricos. E o melhor é que todo mundo pode participar. É só acessar a plataforma GlobalXplorer, se cadastrar e começar a analisar as milhares de imagens, sinalizando os locais onde notou algum indício de ruínas ou outros tesouros arqueológicos. Os locais com mais indicações recebem a expedição de exploração.