A massificação da internet e dos dispositivos móveis levou a diversão eletrônica a novos patamares. Jogos on-linese disseminaram e ganharam recursos inovadores como Inteligência Artificial e Realidade Aumentada. As barreiras geográficas caíram e os mais de 2 bilhões de gamers em todo o planeta podem interagir em partidas globais. Além de benefícios como o estímulo à concentração, melhorias na memória e habilidades sociais, pesquisas mostram ganhos adicionais na brincadeira virtual. Um dos estudos apontou que games como Minecraft podem até mesmo fomentar o pensamento criativo entre adultos. Por outro lado, como todo excesso, o uso exagerado dos games pode ter o efeito contrário, trazendo prejuízos especialmente a crianças e jovens. A palavra-chave é equilíbrio.
“Essa é uma reflexão mundial, pois por mais que os jogos possam ser educativos e saudáveis, é muito grave quando crianças de 3 anos ficam muitas horas on-line, em detrimento de outros tipos de estímulo, com riscos de comprometer seu desenvolvimento cognitivo, motor, percepção espacial. É preciso dar espaço para que ela exercite suas descobertas fora da rede, nos métodos tradicionais”, diz Rodrigo Nejm, diretor de educação da ONG SaferNet. “Cabe aos pais fazer esse controle e dosar o tempo gasto nesse tipo de entretenimento, o que é válido também para os adolescentes”. Para saber quais os indícios de que a utilização está acima do adequado, clique aqui.
A preocupação é mais do que justificada para uma geração que já nasceu conectada. A pesquisa TIC Kids On-line, realizada com mais de 5 mil famílias nas cinco regiões do Brasil, revelou que 91% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos já se conectaram à internet pelo celular. Para ajudara proteger esses usuários, a Sociedade Brasileira de Pediatria criou inclusive um manual de orientação, inspirado em estudos e recomendações internacionais e adaptadas à realidade dos brasileiros.
O diretor da SaferNet lembra ainda que a qualidade do conteúdo deve ser outro foco de atenção da família na navegação da garotada. No site do Ministério da Justiça é possível consultar a classificação indicativa dos jogos on-line e verificar se é recomendado para a faixa etária dos filhos. Um dos games mais populares, o Counter Strike, por exemplo, não é indicado para menores de 16 anos. As lojas de aplicativos também fornecem esta informação e o Google disponibiliza adicionalmente uma ferramenta de controle parental para os dispositivos Android. “É essencial verificar se o filho já tem maturidade para perceber os limites entre a realidade e a ficção ou mesmo se saberia lidar com o teor de violência presente em alguns jogos, é preciso abrir este diálogo e deixar espaço para esclarecer dúvidas”, acrescenta Nejm. “Uma boa dica de uso pedagógico é levar aos jovens ensinamentos de como se constrói um jogo, tanto do ponto de vista de programação como da lógica narrativa e definição das regras, deixando que exercite esse olhar crítico, fundamental em uma sociedade quase totalmente digital”, afima.