Por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus, pessoas no mundo todo estão seguindo a recomendação da OMS de permanecer em casa para conter a disseminação do vírus e proteger a todos, principalmente aqueles que estão no grupo de risco da doença.
Em casa, muitas pessoas buscam por alternativas do que fazer com o tempo livre. Uma das opções disponíveis é colocar as séries e os filmes em dia. A Netflix, plataforma de streaming mais conhecida no mundo, reportou aumento considerável no número de assinantes durante a quarentena, comparado ao mesmo período do ano anterior.
Buscando aumentar o número de conteúdo consumido, um dos recursos que mais chamam atenção é o Fast Watch (assistir rápido, em português), que permite que o usuário acelere a velocidade de reprodução do conteúdo em até duas vezes.
Recentemente testada em serviços de streaming como a Netflix, que optou por testar a função apenas nos aplicativos mobile, o Fast Watch é um recurso já famoso em plataformas como YouTube, que disponibiliza velocidades de reprodução entre 0,25 e duas vezes da velocidade original, ou seja, é possível diminuir ou acelerar a velocidade de reprodução dos vídeos.
Por que a pressa?
O Fast Watch permite que um conteúdo que possui uma hora de duração seja exibido em 30 minutos. Isso gera mais tempo livre para quem está consumindo, o que pode ser interessante para quem pratica as chamadas maratonas – o hábito de assistir séries inteiras em algumas horas, reproduzindo um episódio atrás do outro.
O recurso já é comum entre quem consome podcasts. Os aplicativos como Apple Podcasts, Overcast, Podcast Addict e Castbox permitem que o usuário acelere a reprodução até duas vezes mais rápido que a velocidade original.
Porém, essa “pressa” pode ser causada também pelo FOMO (abreviação de fear of missing out, ou medo de ficar por fora), sensação de ansiedade gerada quando uma pessoa tem medo ou receio de não estar sabendo ou consumindo tudo o que está acontecendo ou sendo publicado on-line.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicados em 2019, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. São mais de 18.6 milhões de brasileiros ansiosos, ou seja, cerca de 10% da população do país convive com o transtorno.
No YouTube, segundo o TubeFilter, a cada minuto são enviadas mais de 500 horas de conteúdo e mais de um bilhão de horas de vídeos são assistidos todos os dias. É muito material para ser explorado e consumido pelos usuários que fizeram da função de Fast Watch um recurso indispensável na plataforma. Entre os milhões de vídeo disponíveis, acelerá-los é uma opção para consumir ainda mais conteúdo em menos tempo e ficar cada vez mais atualizado sobre o que está sendo lançado.
Entre os profissionais da área de audiovisual, como o diretor de cinema brasileiro João Papa, o Fast Watch pode ser uma função bem útil “para videotutoriais ou videoaulas, visto que muitos desses conteúdos às vezes possuem mais informação do que estamos buscando e há diferença entre a velocidade de aprendizado de pessoa para pessoa.”
A tecnologia nos permite estarmos sempre atualizados sobre o que está acontecendo no mundo. Embora seja positivo consumir diversos tipos de conteúdo, precisamos nos atentar para que esse consumo não afete nossa saúde mental.
“Há uma certa pressão social para que as pessoas assistam às coisas sem que sejam atingidas por spoilers [uma gíria que se refere a quando alguém revela informações sobre alguma parte de uma obra de ficção, como um livro ou filme, sem que a outra pessoa tenha visto antes]. Há uma vontade de se sentir incluído nos grupos de amigos que debatem o conteúdo assistido. E isso cria, por fim, uma sensação de que o mais importante é o conteúdo, e não a forma”, finaliza João.
O Fast Watch, usado de maneira que não agrave condições de ansiedade e FOMO, pode ser uma opção para quem quer economizar tempo, descobrindo e consumindo mais vídeos e podcasts em menos tempo.