Família e fake news: como lidar com os conflitos?

28 de setembro de 2018

Quem está em um grupo de WhatsApp da família já sentiu na pele o que pesquisas evidenciam: a facilidade de disseminação das fake news.

Seja aquela receita milagrosa com limão para combater uma doença ou um suposto escândalo político, as notícias falsas muitas vezes são motivo de discórdia entre os parentes, acirrando ânimos entre todos.

Muitas vezes, quem leva a culpa são os mais idosos que, na visão dos jovens, não entendem tanto de tecnologia. Mas será que todo o problema se resume a um embate de gerações? Uma análise mais aprofundada dos mecanismos por trás das fake news e do comportamento nas redes revela que não.

“Muitas notícias falsas são cuidadosamente elaboradas para gerar dúvidas e passar uma pseudocredibilidade, e isso pode figurar como verdade para todas faixas etárias, tanto é que, atualmente, pessoas de todas idades repassam fake news, muitas vezes em correntes, clicando em grupos do WhatsApp e outras redes sociais”, explica o médico e psicólogo Roberto Debski.

“O fator determinante sem dúvida é psicológico. Muitos tem a necessidade de se sentirem úteis e colaborarem com os outros, e isso faz com que circulem essas mensagens imaginando que estão fazendo o bem sem ao menos questionar informações, que muitas vezes soam tão falsas e absurdas numa primeira observação superficial”, diz.

O especialista destaca ainda que, em geral, os desentendimentos nos meios digitais já reproduzem as dificuldades que o relacionamento familiar traz na vida real. “Quando é uma relação saudável, se mantém da mesma maneira, e quando for conflituosa, poderá se mostrar potencializada pela facilidade da comunicação instantânea que as mídias sociais possibilitam”, ressalta Debski.

“A maneira ideal de lidar com as fake news é usar uma comunicação sem agressividade nem julgamento, não violenta, talvez até mesmo passando uma mensagem privadamente, para evitar a exposição e constrangimento do parente”.

Para o médico e psicólogo, é essencial também que os familiares procurem refletir coletivamente sobre a nova dinâmica social e individualmente sobre crenças e pensamentos arraigados, para minimizar o embate entre as diferentes gerações.

Em tempos recentes os mais antigos eram ‘donos’ do conhecimento e detinham o poder, assim como categorias profissionais, como médicos e professores, que ditavam as regras e verdades, sem questionamentos”, aponta Debski.

“Hoje em dia com o acesso fácil às informações, verdadeiras e falsas, o questionamento e posicionamento dos mais jovens favorece alguns conflitos, mas esta é uma realidade que não tem mais volta”, acrescenta.

“Aquele que não depende de poder para viver um relacionamento não terá nenhum problema com questionamentos, mas aqueles que têm a necessidade de exercer poder sobre os outros se sentirão desafiados e apresentarão dificuldades para lidar com esta nova situação”.

Debski recomenda que as pessoas procurem ser mais tolerantes e menos “donas da verdade”, relevando alguns comportamentos se não forem tão graves pelo bem do sistema familiar, procurando dialogar e se posicionar de maneira não agressiva ou constrangedora, da mesma forma como gostariam de ser tratados.

Abordar o assunto de maneira adequada evita conflitos e preserva as relações, além de assegurar o objetivo da comunicação inicial, que era a segurança e cuidado com a verdade, mas se o outro não quiser aceitar a mensagem mesmo desta maneira deve ser deixado com suas consequências”, conclui.

E quando sua própria mente te faz acreditar em uma fake news? Será que isso é possível? Leia aqui. 

Fonte: Dialogando - Família e fake news: como lidar com os conflitos? Dialogando

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