Se você entrou no TikTok e deu de cara com algumas lives no mínimo diferentes, com gente vestida como personagens gamers, repetindo bordões e movimentos robóticos, você foi impactado pela chamada live NPC!
O fenômeno por trás da sigla para non-playable character (personagem não jogável, na tradução), diz respeito aos “figurantes” dos games, que até aparecem, mas não podem ser controlados por quem está jogando.
E quem diria que as pessoas, enfim, dariam tanta atenção para o mundo da figuração! TikTokers que apostaram nessa ideia dizem que a brincadeira vem rendendo ganhos na casa dos R$ 30 mil a R$ 50 mil por dia com as performances.
“Mas tudo isso? Como assim?”, você deve estar se perguntando.
Fique, porque daqui até o fim deste post a gente te explica!
Live de NPC: a trend polêmica que tomou conta do TikTok
As lives NPC se popularizaram quando a canadense PinkyDoll teve a ideia de dar respostas às demandas que recebia de seus seguidores nas redes.
Tudo começou quando a criadora de conteúdo reagiu a um sorvete virtual repetindo várias vezes o bordão “ice cream so good”, algo como “sorvete, que delícia”. O vídeo foi parar até no Twitter.
Confira:
Claro que a moda também viralizou por aqui rapidinho. Dessa vez com a brasileira Prizza, ao aparecer agradecendo pirulitos e os mesmos sorvetes virtuais da PinkyDoll – só que com maiores notas de infantilização.
Na sequência, quem se deu bem foi o Felca, famoso YouTuber que fez uma live só para ironizar o formato e, de cara, conseguiu 2,7 milhões de visualizações em 8 dias. A transmissão causou tanto vuco-vuco que ele, claro, passou a adotar a fórmula. Algumas de suas lives contam com mais de 26 mil espectadores simultaneamente.
Você, como muita gente, pode não achar graça nenhuma. Mas essa turma consegue monetizar as lives NPC atendendo a pedidos do próprio público, que paga para ver esse circo pegar fogo.
Antes de entrar nessa parte, entenda de onde vem a inspiração!
Quem são os personagens não jogáveis, afinal?
Sabe aquela turma dos games que aparece só para fazer um volume enquanto o personagem principal é comandado por quem está no controle do joystick?
Falamos dos chamados figurantes, que preenchem a história e o cenário e que às vezes até interagem com os protagonistas, mas com limitações de fala, já que são programados.
Um exemplo clássico e bastante conhecido são os NPCs do Grand Theft Auto (o consagrado GTA), que ganharam fama e memes por conta dos trejeitos e movimentos robotizados.
Conheça no vídeo:
Mas como é possível ganhar dinheiro com live NPC?
Atendendo a pedidos. Cabe ao público enviar presentes simbolizados por desenhos que aparecem durante as transmissões ou dinheiro mesmo. A cada envio, o criador de conteúdo reage com frases e gestos específicos e, a partir daí, o desejo da audiência é uma ordem: quem paga decide o que o personagem deverá fazer.
Tudo isso pareceria inofensivo enquanto as pessoas pedem por performances excêntricas e infantilizadas. O problema é que, de pedido em pedido, eis que aparecem alguns com doses caprichadas de fetiche. Mais um sinal de alerta para os pais e responsáveis de menores usuários dessas plataformas.
Mas há outras violências por trás do novo fenômeno. Entenda.
Os perigos por trás das lives NPC
Muitas pessoas vêm se incomodando com as lives NPC porque dizem sentir “vergonha alheia” dos influenciadores por trás do entretenimento. O formato já levanta um questionamento: quais os limites para monetizar a si mesmo?
A pergunta é legítima, afinal, a proposta é que outras pessoas tenham o controle sob o corpo de quem está transmitindo e os resultados dessa brincadeira cuja lógica é ter um “sujeito como mercadoria” já estão aí: a fetichização de corpos femininos e a sexualização de meninas que vestem esses personagens.
Especialistas chamam a atenção para a problemática desse tipo de mídia quando a pauta é a banalização do ato de ganhar dinheiro. Muitos avaliam que estamos testemunhando novos acordos morais muito alinhados às demandas das plataformas e às promessas de dinheiro fácil em um momento ainda crítico – agora que o mundo inteiro tenta se recuperar de crises econômicas acentuadas pelos anos pandêmicos.
Por isso, a turma que está focada apenas no elemento divertido das lives NPC talvez não percebeu ainda que a piada é só uma ponta do iceberg dessa violência que virou modismo no ambiente digital.
O papel dos pais na conscientização
Em outro momento viemos alertar você, que nos acompanha, sobre os perigos do Omegle, a rede social que conecta pessoas aleatoriamente. Também lembramos que o OnlyFans, por exemplo, não é adequado para o consumo de crianças e adolescentes.
E não se trata de caretice, mas de segurança! Se você é pai ou mãe, sabe do que estamos falando.
Por isso a gente reforça: não deixe de levar para dentro de casa o ensino sobre boas práticas no mundo virtual e converse sempre com os pequenos sem puni-los. É importante que eles tenham confiança para dividir suas angústias com você.
Peça para que eles bloqueiem esse tipo de perfil nas redes sociais, explicando que entretenimento é necessário, mas só quando é saudável.
Aproveite e confira este post, que traz dicas de ferramentas de controle parental e os melhores caminhos para ensinar os jovens a navegar na web com proteção.
Porque juntos podemos criar a internet que a gente quiser, desfrutando de tudo o que ela pode nos proporcionar de bom!