Como pensam os nativos digitais?

18 de novembro de 2016

Quando o assunto é criança, um tema recorrente na conversa de gente grande é a imensa facilidade que elas têm para lidar com tecnologia. Os nativos digitais levam minutos para aprender coisas tecnológicas que os pais consomem horas e ainda com a ajuda de um manual.

Os adultos ficam de queixo caído e se perguntam por que aparelhos aparentemente tão complexos tornam-se tão simples nas mãos dos filhos.

Desta forma a resposta é que enquanto uma geração teve como auge da tecnologia a televisão (numa relação passiva). A outra já nasceu cercada de computadores, videogames, celulares e internet (numa relação amplamente interativa).

Essas crianças foram construindo sozinhas um novo sistema de relações interpessoais, aprendizado, estilo de vida e comportamento. Em uma palavra, um novo mundo.

Isso fez com que a ciência começasse a se perguntar se essa nova geração realmente pensa diferente das anteriores. E, se não seria o caso de repensar a educação para eles.

Nativos e imigrantes

Para o educador americano Marc Prensky, a resposta é sim para ambas as perguntas. Ele foi o primeiro estudioso a pesquisar profundamente a questão e cunhou as expressões “nativos digitais” e “imigrantes digitais”.

Ele se referia à geração que já nasceu em um ambiente informatizado e aqueles que precisaram se adaptar às mudanças.

Com base nos mais recentes estudos de neurobiologia, não há mais dúvida de que diferentes tipos de estímulo realmente mudam as estruturas cerebrais e afetam o modo de pensar, e essas transformações continuam durante toda a vida”, disse Prensky ainda em 2001, quando cunhou a expressão nativos digitais.

De lá para cá, ele já escreveu sete livros e inúmeros artigos científicos sobre a necessidade de educar as novas gerações forma diferente.

Educação da nova geração

Prensky propõe uma ruptura total com o modelo educacional que sempre existiu. “Quase tudo que se fala sobre educação parte do princípio de que ‘aprender’ é o objetivo de qualquer estudante. Mas não é”, diz ele em um artigo de 2014.

“Aprender é só um meio para atingir essa meta, embora exista um meio melhor, que é realizar”, acrescenta. “Ao fazer da escola um lugar para aprender, estamos negando a nossos filhos o que eles mais necessitam. A percepção do que eles são capazes de realizar e de se transformar.”

Ademais ele faz questão de dizer que não é contra o aprendizado, mas diz que aprender por aprender é vazio.

Prensky argumenta que esperamos de nossos filhos que tirem boas notas nas provas. Mas, por outro lado, que não pensem, ajam, relacionem-se e realizem coisas no mundo imensamente diferente que vem pela frente.

E isso é algo em que as pessoas não costumam pensar: os nativos digitais de hoje são os imigrantes digitais de amanhã.

“Não estamos numa fase de transição para outra de estabilidade”, disse ele recentemente à rede de televisão americana CNN. “A partir de agora, as pessoas vão sempre ficar para trás, e isso será um estresse com que elas terão de aprender a conviver.”

Adaptação da tecnologia

Mas há quem discorde de Prensky. É o caso da jornalista e psicóloga britânica Susanne Moore, especialista em tecnologia. Segundo ela, o mundo vai entrar, sim, numa fase de estabilidade.

“Parte do fascínio com o conceito de nativos digitais versus imigrantes digitais se baseia na percepção de que são as pessoas que precisam se adaptar à tecnologia”, sustenta ela em um artigo.

“Mas a indústria da tecnologia está caminhando para uma fase de maturidade. Será uma etapa na qual soluções digitais vão fracassar no mercado se não forem imediatamente intuitivas e fáceis de usar sem instruções ou suporte técnico.”

É um bom argumento, mas como todos são baseados em projeções de futuro, o tempo é que responderá.

Fonte: Dialogando - Como pensam os nativos digitais? Dialogando

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