Estamos na era da conexão. Uma geração de jovens que surgem como protagonistas e que, ao mesmo tempo, são produtores e consumidores de informação e conteúdo.
Mais do que entender as oportunidades e tendências do comportamento destes nativos digitais, investir em estudos e pesquisas sobre a juventude e a cultura digital é acreditar no poder transformador do conhecimento.
A segunda edição da Pesquisa Juventude Conectada surge entendendo tal realidade e a partir de entrevistas feitas com 1440 jovens de todas as regiões do Brasil em 2015, convidamos 10 especialistas para captar reflexões e tendências deste grupo de 15 a 29 anos, utilizando como base quatro grandes eixos que fazem parte da cultura digital: Comportamento, Educação, Ativismo e Participação Social e Empreendedorismo.
A comunicação interpessoal segue como a atividade online preferida pela ampla maioria dos jovens brasileiros. As redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas figuram no topo dos conteúdos mais acessados, em todas as regiões do País.
No WhatsApp os jovens declaram que se sentem mais à vontade para emitir opiniões e compartilhar conteúdos por meio dessa ferramenta do que no Facebook ou em outra rede social.
Assim, houve uma redução no uso de outras ferramentas de comunicação interpessoal, principalmente do e-mail (cujo acesso pelos jovens caiu de 96% em 2013 para 88% em 2015) e também de redes sociais (que registraram queda de 99% em 2013 para 95% em 2015).
Houve queda generalizada no acesso às ferramentas de busca, pesquisa de preços de produtos e serviços e até mesmo de serviços de localização via celular.
De 2013 para 2015, a parcela de jovens que faz pesquisas sobre informações em geral caiu de 96% para 90% e a média de dias por semana em que essas pesquisas foram realizadas caiu de 4,3 para 3,7 dias.
As atividades de lazer e entretenimento formam o segundo grupo de atividades mais popular entre os jovens entrevistados. Os jovens gostam, principalmente, de assistir a filmes, séries e programas de TV online, além de ouvir música e fazer download de conteúdos diversos.
Já a proporção dos entrevistados que afirma jogar online caiu de 66% em 2013 para 60% em 2015.
41% dos jovens brasileiros conectados dizem jamais utilizar a internet para realizar estudos e trabalhos para a escola ou a faculdade. Apenas 25% dos entrevistados declaram fazer pesquisas escolares mais de uma vez ao dia, diariamente ou quase diariamente.
Os principais motivadores de conflitos em redes sociais são: Homofobia (mencionado principalmente por jovens de São Paulo, Recife e Belém); Racismo Origem/Região (citado somente nos grupos de Belém e Recife); Gênero/Machismo (mencionado pontualmente por mulheres em São Paulo e Brasília); Religião ou filosofia de vida (citado por todos os grupos, nem sempre em função de situações vividas por eles próprios).
Os novos ativismos não se restringem aos ambientes virtuais. Por um lado, há a importância do ativismo presencial, dos encontros pelas redes de amizade e companheirismo; por outro lado, há o ativismo dos que estão sempre em estado ativo de debate e construção, mas que nunca se encontraram presencialmente.
A internet pode auxiliar os grupos e movimentos a se colocarem nas discussões nacionais, mas a desigualdade social se mantém. No geral, as desigualdades regionais, de renda e de escolaridade impactam sensivelmente o uso da internet e a capacidade dos ativistas, grupos e movimentos penetrarem a agenda nacional de debates e engajamentos.
A tecnologia e as redes sociais têm um importante efeito mobilizador. Elas contribuem significativamente para fomentar a participação e difundir notícias ligadas a movimentos de massa.
Para os especialistas, a tecnologia não é o motor desses processos, mas um elemento facilitador. A motivação inicial são os próprios dilemas enfrentados pela sociedade com relação a temas específicos (como racismo, machismo, homofobia ou mesmo uma proposta de reforma educacional que não tenha sido previamente debatida com as partes interessadas).
Outro exemplo de como a tecnologia pode viabilizar novas formas de engajamento e participação social vem das periferias das grandes cidades.
Entre jovens de classes mais baixas, é especialmente importante o uso das câmeras dos celulares para registrar (principalmente em vídeo) episódios que ou não interessam às mídias de massa ou que, de outro modo, não seriam disseminados.
O compartilhamento desses vídeos ajuda a dar visibilidade ao que é pouco noticiado na mídia tradicional ou a causas locais.
Um número considerável de jovens já está empreendendo negócios digitais, seja produzindo conteúdo, criando lojas de comércio eletrônico ou programando.
Embora o interesse dos jovens brasileiros em empreender ainda seja muito alto, de 2013 para 2015 a parcela dos entrevistados pelo estudo Juventude Conectada que gostariam de ter um negócio próprio sofreu uma ligeira queda.
Apesar desse movimento, que em parte pode ter sido motivado pelo cenário econômico desfavorável, a expectativa de abrir negócio próprio em um futuro próximo (cinco anos) é maior.
94% dos jovens entrevistados afirmam que já passaram mais tempo do que pretendiam na internet e um terço deles acha que isso sempre acontece.
Esses foram os resultados da pesquisa Juventude Conectada II. Comente o que você achou nos comentários!
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