Até que ponto as novas tecnologias nos afastam ou nos aproximam? Até que medida nós perdemos a nossa privacidade ao nos expormos em redes sociais? Como os relacionamentos amorosos se adaptarão a uma realidade em que pouca coisa pode ser encoberta? Qual o poder que a mídia tem para criar deuses ou demônios, e quem controla essas narrativas?
Esses questionamentos, mais atuais do que nunca, são algumas das bolas levantadas pela excelente série Black Mirror, da Netflix, que se propõe a analisar diferentes futuros para a nossa sociedade.
Estimativas recentes datam que a ciência evoluiu mais nos últimos séculos do que em toda a história anterior. A enorme difusão de conhecimento, tecnologias, comunicação e redes de pesquisa a nível mundial, possibilitam uma troca de conhecimentos sem igual na história, o que potencializa muito as pesquisas em andamento.
Relação com a vida real
Isso é palpável entre os celulares, por exemplo. Há 10 anos, o Smartphone era algo ainda distante, e o Iphone, ícone da tecnologia atual, ainda nem havia sido lançado. Com essas novas tecnologias, surgiram também uma série de paradigmas que só poderiam pertencer à nossa contemporaneidade, justamente os pontos focais de Black Mirror.
Um exemplo é o primeiro episódio da série, focado justamente em um dos aspectos mais incontroláveis da nossa vida: a nossa reputação. Se antigamente a nossa imagem pública era criada a partir das nossas aparições públicas e relações interpessoais, hoje ela é definida basicamente pelos nossos perfis em redes sociais.
Mais ainda, para pessoas públicas, a imagem é construída por terceiros, veículos de mídia que, tentando levar uma imagem mais (ou menos) realista para o público, apenas apresentam a sua própria interpretação sobre aquela pessoa.
Além disso, uma coisa é certa, mais do que nunca: se algo ocorrer contra a sua reputação, ninguém NUNCA esquecerá.
Outro exemplo tratado com muita delicadeza pela série é a forma como a disseminação de tecnologias cria formas cada vez mais aprofundadas de lembranças!
Em um episódio por exemplo, todos têm instalados em seus nervos ópticos um dispositivo que grava tudo que você vê, e que pode ser revisitado a qualquer momento. Em outro capítulo, uma pessoa compra uma espécie de robô ultrarrealista para substituir seu marido recém-morto.
Antigamente as lembranças estavam em nossa cabeça e no que tínhamos à disposição – e até por isso era comum pinturas com retratos de nobres. Para alguns é difícil aceitar a inevitabilidade do esquecimento.
Hoje as lembranças podem ser acessadas até em vídeos de realidade virtual, e existem registros inteiros de conversas disponíveis, ainda que esses registros criem apenas outra interpretação sobre aquela pessoa.
Se o avanço da tecnologia foi algo tão perturbador para os estudiosos da Escola de Frankfurt como Benjamin ou Marcuse, por privilegiar a técnica em detrimento da razão, Black Mirror aborda essa ideia sob diferentes óticas, tanto por pessoas que se utilizam de tecnologias para olharem somente para si, como de pessoas que veem aí uma possibilidade para mudar o status quo.
As possibilidades estão colocadas, e o futuro é construído por nós. Qual o seu lado? Comente!
Oi gente, amei o site parabéns pelo trabalho de vocês. beijos Cris :*
Obrigado, Cris! 🙂