Um dia, durante uma conversa com amigos, vocês já falaram sobre planos para viajar nas férias e, horas depois, começaram a surgir anúncios relacionados ao assunto no seu smartphone, como sugestões de hotéis, passagens aéreas e destinos mais procurados?
Todo aparelho eletrônico que possua recursos como câmera e microfone, quando habilitados para serem usados por aplicativos, podem captar a voz e a imagem dos usuários.
Para entender melhor porque isso acontece e como está relacionado a invasão de privacidade no celular, conversamos com a Dr.ª Cristina Sleiman, advogada e pedagoga, mestre em Sistemas Eletrônicos e Vice-Presidente da Comissão Especial de Direito Digital e Compliance da OAB SP.
O seu celular está te ouvindo?
Cristina comenta que, quando baixamos alguns aplicativos, eles podem solicitar acesso aos recursos de câmera, microfone e armazenamento interno do smartphone e por isso podem captar informações dos usuários.
“Isso acontece porque muitas empresas utilizam esse mecanismo. Na verdade, não são necessariamente aplicativos espiões, mas aplicativos que o próprio usuário instala no seu smartphone e, ao aceitar os termos de uso, permite a coleta de informações”, afirma Cristina.
Quando questionada sobre a razão de as empresas precisarem desse tipo de informação, a Dr.ª Sleiman é enfática: “As empresas coletam os dados porque é muito importante saber qual o perfil daquele usuário, o que deixa ele feliz. As empresas utilizam também para prever tendências e até mesmo para questões relacionadas a assuntos financeiros”.
A advogada diz que as empresas deveriam alertar os usuários que essa coleta de informações pode acontecer. “O ideal seria que, antes de o usuário baixar o app, as empresas avisassem que aquele determinado aplicativo coleta sons e imagens, porque se o usuário concordar com plena ciência do que pode ocorrer, será licito”.
Existem maneiras de evitar esse tipo de “escuta”?
Além de orientar os usuários a sempre utilizarem o antivírus nos aparelhos eletrônicos e lerem os termos de uso de serviços e aplicativos, a advogada lembra que é necessário que as pessoas tomem medidas preventivas e nunca instalem aplicativos suspeitos.
“O usuário pode verificar o Termo de Uso do app ou serviço e, se ele julgar que esse tipo coleta de informações seja invasivo, poderá declinar e até mesmo desistir de instalar”.
Outra medida que o usuário pode tomar para não liberar acessos além do necessário para esses aplicativos é verificar na área de Configurações do smartphone que tipos de acesso estão habilitados para cada app.
Cuidar com a invasão de privacidade no celular e no ambiente digital deve ser sempre a prioridade no dia a dia dos usuários.
Portanto, siga as recomendações dos profissionais de segurança digital, fique atento aos termos e condições de uso de algum serviço ou aplicativo e lembre-se de nunca instalar aplicativos ou softwares de fontes desconhecidas.