Quando a gente compra um produto “incrível” que não atende às expectativas, quando experimentamos uma paixão e ela vem seguida de traição ou descobrimos uma mentira de qualquer nível de alguém que admiramos, é sempre “deprê”, não é mesmo?
Porque ser enganado é, na certa, uma das piores coisas do mundo.
Temos certeza de que você está aqui porque sabe que, especialmente em tempos de eleições, as fakes news podem ser absolutamente prejudiciais para a democracia. E você não vai querer ser conivente com tudo isso, replicando por aí notícias de caráter duvidoso.
Os caminhos para identificarmos as notícias falsas são muitos e, no que depender de nós, juntos, não restará dúvidas sobre os resultados das urnas em 2022.
Confira!
Fake News: suspeitar desde o princípio
Parte da identificação das fake news muitas vezes diz respeito ao famoso “desconfiômetro”. Só ao longo da pandemia foram criadas inúmeras delas.
Você acha que é possível uma pessoa fazer sexo, por exemplo, com um morcego?
Pois é! Quando as notícias sobre o coronavírus passaram a circular, viralizou na Índia a suposta e, obviamente, falsa trama de que o primeiro paciente contaminado teria se envolvido sexualmente com um mamífero da espécie e que, por isso, tinha sido contaminado.
Quando você recebe um e-mail com uma “promoção imperdível” do último modelo de celular dos mais cobiçados por R$ 1.500,00, vale a pena desconfiar antes de apertar no link, não é mesmo?
Então, vamos às dicas.
1) Leia, com calma!
Não se deixe levar apenas pelos títulos de uma notícia, leia na integralidade, especialmente se a chamada do texto ou vídeo for muito alarmante.
Avalie se as informações parecem precisas ou se são muito vagas e, principalmente, se o conteúdo da informação reflete mesmo a manchete anunciada.
Há muitos fatores no texto capazes de indicar as fake news:
a) Erros de português são bastante comuns: muitas letras maiúsculas, pontuações erradas e exageradas (excesso de exclamações, por exemplo);
b) Informações sem a entrega das fontes e dados apresentados: notícias sérias quase sempre mencionam os estudos, pesquisas e instituições responsáveis pelo levantamento dos dados mencionados;
c) Site de origem: procure entender se a plataforma responsável pela primeira publicação da notícia é de uma instituição confiável ou se está imitando algum site conhecido com logos e nomes semelhantes ou ainda, letras trocadas no link;
d) Data da publicação e contexto: algumas fake news só viram fake news quando compartilhadas em outros contextos, porque até trazem informações verdadeiras, mas que aconteceram no passado e, portanto, perdem o sentido e podem confundir as pessoas se divulgadas no futuro.
2) Fake news: nocauteadas pela sua pesquisa
Agora, vamos te pedir para colocar em prática todo o seu potencial de repórter investigativo. Mas nada que te fará perder muito tempo.
a) Use plataformas de busca como o Google, por exemplo, para entender se há outras organizações e veículos de comunicação confiáveis divulgando a mesma notícia. Se não houver, a probabilidade de ser fake news é enorme;
b) Recebi uma foto, e agora? Tranquilo! É possível salvar o registro e fazer uma busca no Google Imagens. O buscador vai te ajudar a procurar informações e notícias relacionadas àquela foto e você terá uma boa noção do contexto em que ela foi utilizada;
c) Mas e os vídeos de deepfake? Por aqui já te explicamos o que é essa técnica contemporânea de enganar nosso olhar (tanto para entreter ou só por maldade mesmo!). E o duro é que, nesses casos, é mais difícil identificar esse tipo de montagem. Mas não impossível.
Fique atento à diferença de cores no contorno do rosto, às piscadas e expressões faciais travadas ou muito rápidas, além de alguns borrões. Todos podem ser indícios de deepfakes.
3) Sites que investigam as fake news
A gente nunca imaginou que um dia, o jornalismo teria que contar com setores dentro de veículos e agências, dedicados apenas à checagem de notícias para combater as fake news, mas essa é a realidade do momento.
Alguns deles são:
a) Projeto Comprova: a iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos reúne jornalistas de 40 veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações suspeitas.
b) Fato ou Fake: criado pelo grupo Globo, o serviço monitora e checa conteúdos duvidosos, esclarecendo o que é falso ou verdadeiro em mensagens disseminadas pelo celular e pela internet.
c) Agência Lupa: essa é a primeira agência do nicho fact-checking (checagem de fatos) do país e, desde 2015, confere falas de agentes públicos e informações que circulam na internet, principalmente as notícias de ordem política.
d) Painel do CNJ: o projeto é uma iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), das associações da magistratura, dos tribunais superiores e da imprensa. Reúne checagens de veículos parceiros e apresenta ferramentas para ajudar a identificar as malfadadas fake news.
PESQUEI UMA FAKE NEWS! E agora?
É necessário entrar em ação, não vale apenas virar as costas e deletá-las do seu dispositivo eletrônico.
a) Não passe para a frente!
No #TemConversaPraTudo com Patrícia Blanco, Presidente do Instituto Palavra Aberta, já te falamos que as notícias falsas se espalham em velocidade 70% maior que as notícias verdadeiras. Então, não as compartilhar é, claro, o primeiro passo. (Clique, porque vale muito a pena assistir!).
É necessário aceitar que cada um de nós é responsável pelas informações que compartilha. Então, antes de mandar para outras pessoas, verifique se realmente é uma notícia verdadeira.
b) Denuncie
As principais redes sociais e aplicativos de conversas possuem canais para denúncias de fake news. Entenda, no link.
O Tribunal Superior Eleitoral também tem ferramentas destinadas à denúncia de notícias falsas relacionadas às eleições. Saiba mais aqui.
c) Seja franco (e cordial!) com quem compartilhou
Perceba. Nossa ideia aqui não é que você crie rivalidades naquele almoço de domingo entre a família que deveria ser, na verdade, um momento gostoso com quem você ama. Mas é necessário um bate-papo amistoso com qualquer pessoa que, porventura, compartilhe com você uma fake news (até porque, muitas vezes, essa pessoa nem sabe o que está fazendo).
Explique para ela a importância da checagem das informações que circulam nas redes, até para que ela própria não caia em armadilhas.
Mencione os flagelos que as informações enganosas podem gerar, inclusive para a nossa democracia.
Se a gente fosse você, inclusive, também indicaríamos a parte 2 do webcast Fake News. Ela pode assistir e, de repente, se sensibilizar com o assunto.
Porque essa briga é responsabilidade de todos nós. E nós vamos vencer juntos!